Menina não entra - parte2
Por Rogério DeSouza
Um parágrafo "rápido" sobre
animações e video games.
Nas animações americanas era raro ver heroinas em destaque nas histórias de ação,
seguindo minha lembrança, havia uma série animada da
"Mulher Aranha" mas não aquela personagem da Marvel (que também teria uma animação) seu nome real era
"Web Woman"produzida pela
Filmation , concorrente do estúdio Hanna-Barbera (Zé Colméia, Scooby-Doo...) nos anos 60, 70 e 80, mais tarde este estúdio faria a série da
She-ra, uma série derivada de
He-man e os Mestres do universo, ela era uma irmã perdida do heroi de Eternia. Geralmente grupos de herois tinham apenas uma ou duas mulheres na equipe como os Thundercats, G.I. Joe, Superamigos, X-men, Caverna do Dragão e outros... Um título em destaque nos anos noventa eram As Meninas Super poderosas (The Powerpuff Girls) criada por Craig McCracken passava no Cartoon Network sobre três menininhas com super poderes que combatem o crime com muita pancadaria.
Nas animações japonesas vale destacar Sailor Moon, As Guerreiras Magicas de Rayearth, Saber Marionette J, A princesa e o cavalheiro (de Osamu Tezuka),Cutey Honey e outros. Também vale lembrar que grande parte dessas personagens se originaram dos quadrinhos japoneses (mangá).
Nos games de ação nas últimas décadas vemos muitas protagonistas femininas, mesmo com certo apelo sexista como,
Tomb Rider ou Bayonetta. Também vemos mulheres em destaque em jogos de Luta como
Chun-li em Street Fighter, Sonya Blade em Mortal Kombat, Mai do Fatal Fury e King of Fighters. As mulhres também ganham destaque em jogos como Super Metroid, Resident Evil, Parasite Eve, etc...
Já na
nona arte a coisa é um pouco diferente, as mulheres sempre tiveram seu espaço desde as histórias da Luluzinha até
J.Kendall, As Aventuras de uma Criminóloga... No que se refere ao gênero ação, temos a
Mulher Maravilha como uma das mais antigas que eu tenha conhecimento.
Na chamada “era de prata” dos herois éramos brindados pela versão feminina do homem de aço:
Supergirl e também do Batman:
Batwoman e Batgirl .
.
Mesmo assim, as mulheres eram estereotipadas ficando ao cargo de afazeres domésticos, sendo reféns de vilões, etc.
Raramente víamos uma metendo a mão na cara de algum facínora, mas algumas eram mais criativas como Barbarella que seduzia seus oponentes.
Pulando para os anos 70 e 80 o feminismo tava em alta e as heroínas de parceiras passaram a ganhar algum destaque. A Marvel que tinha poucas heroínas em evidência criou versões femininas para heróis consagrados como
Miss Marvel (do Capitão Marvel da Marvel, não o Shazam, entenderam?),
Mulher Aranha e Mulher Hulk.
Também nessa época
Jean Grey dos X-men deixou de ser a “Garota” Marvel para se tornar a poderosa
Fênix que de tão poderosa pirou e morreu, mas a saudade foi tanta que a personagem voltou em duas versões: a filha do futuro alternativo e a própria Jean Grey que nunca foi Fênix e depois voltou a ser!
Outra que ganhou destaque foi a ninja assassina
Elektra, criada por
Frank Miller para as histórias do Demolidor.
Enquanto isso na
Distinta
Concorrência, os
Novos Titãs traziam heroínas de grande relevância como
Moça Maravilha, Estelar e Ravena.
Fora demais HQs undergrounds que apresentavam guerreiras sensuais (
ou nem tanto) em mundos selvagens e pós-apocalípticos.
Nos anos noventa a coisa estourou, as heroínas ganharam importância, no entanto, havia um atrativo a mais:
sensualidade. Em outras palavras, apesar dessas personagens espancarem centenas de caras ao mesmo tempo e capazes de partirem duas listas telefônicas com os dedos eram mulheres curvilíneas e geralmente usavam roupas decotadas, coladas e quase inexistentes. Quem na época não caia de amores pela
Elektra, Vampira dos X-men, Sara Pessini a Witchblade ou a Caitlin Fairchild do Gen13?
Com o tempo a fórmula se desgastou e hoje as mulheres se destacam mais pela sua personalidade do que por seus dotes físicos, embora algumas ainda mantenham isso como a
Poderosa.
Quando retratarmos mulheres em
ação (Sim! Tiro, briga, destruição, essas coisas...) nós temos que ater a dois focos:
Físico e mental. O físico estaria relacionado ao biótipo maneira como se apresenta indica a que público a personagem pretende atingir.
Já o mental é ligado com a personalidade da personagem suas motivações e desafios. Ambas as condições tem que estar em constante equilíbrio. Você tem que atrair ao mesmo tempo tanto o público feminino quanto o masculino embora o gênero ação pende ao masculino.
Se você, homem, pretende fazer uma personagem de ação atenha-se que esta lidando com o sexo oposto, leia a respeito disso ou converse com suas amigas, irmãs ou mãe. Faça algo com sua personagem que faça se identificar com a mulher comum como depilar as pernas, menstruação, gravidez, etc.
Dependendo do contexto, a heroína pode ser uma mulher seminua que sai quebrando pescoço de dinossauros ou até uma velha que soca seres bestiais. Não tem importância desde que como tudo numa história deste estilo tem que ter o dinamismo necessário e o carisma da protagonista.
Boas histórias independem de etnia, estilo ou sexo do protagonista.
Sou defensor da equivalência neste contexto, se existe um
“Super – Homem” tem que existir uma
“Super-Mulher” de mesmo nível.
Recentemente houve
uma nova tentativa de fazer um seriado da Mulher Maravilha e
pelas imagens mostradas causaram alvoroço e dividiram opiniões, desde o uniforme até a atriz principal. Foi feito um piloto que não foi aprovado pelos executivos de TV, tornando o projeto
“natimorto”.
Será que é por falta de competência dos realizadores ou uma confirmação de que o gênero ação e aventura não passa de um incômodo clube do Bolinha onde menina não entra?