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sexta-feira, 25 de setembro de 2020
terça-feira, 23 de setembro de 2014
Problemas da criação #27
Como
agradar?
Por Rogério DeSouza
Quando
eu era criança, adorava seriados de heróis japoneses como Ultraman
e Spectreman. Na época mal notava o zíper da fantasia daquele
monstro ou os fios quase invisíveis que levavam aquelas naves de
brinquedo. Coisas que agora noto principalmente em produções mais
atuais cuja tecnologia de efeitos evoluiu bastante.
Durante
nosso crescimento, desenvolvemos uma visão diferente das coisas ou
em outras palavras um senso crítico. Coisas que Ultraman e
Spectreman devem enfrentar hoje em dia e você criador também.
Com
a proliferação da internet a coisa só se ampliou e todos se
tornaram formadores de opinião em potencial e julgam tudo que
assistem ou consomem.
Se
as pessoas falam mal da qualidade do papel de uma revista impressa
por uma grande editora, imagine por uma revista impressa na pequena
gráfica perto da sua casa. É necessária uma compensação muito
grande para ser aceito por tal público.
Afinal,
tudo tem que ser perfeito, impecável?
No
que noto ultimamente, se não for acabara sendo, pois o senso crítico
das pessoas tem se elevado muito nos últimos anos, estamos ficando
mais espertos analíticos e arrogantes.
A
conseqüência é que temos que correr atrás, já que detectam
falhas de quadrinhos e filmes de grandes nomes, vão detectar suas
limitações artísticas feitas de forma independente.
Em
minha opinião a posição do crítico é confortável, pois se vale
de nossa sagrada liberdade de expressão. Tal liberdade leva algumas
pessoas à serem grosseiras, o que pode parecer engraçado em alguns
aspectos se for levado na esportiva, mas prejudicial em outro,
fomentando o ódio inconsciente a determinada pessoa que apenas faz
seu trabalho.
Havia
um sujeito que criticava todo mundo de maneira ferrenha, ele tipo
“descia a lenha” “sem papas na língua”, ofendia sem
critérios e tinha até seguidores.
Eu
perguntava a amigos o que esta pessoa gostava?
O
que ele fazia de sua vida?
Existem
esses tipos ainda, com maior ou menor intensidade, alguns nós
gostamos e outros nem tanto.
Muitos
os conhecem como trolls, termo tirado de um monstro mitológico e
truculento ou haters palavra referente a ódio.
Uma
parcela destes formadores de opinião nos fazem sentir mal por termos
um gosto diferente do dele e até indiretamente somos acusados de
fomentar a ignorância pelas nossas preferências e por nosso
trabalho.
Afinal
“o critico sempre tem bom gosto” e usa isso para julgar o
trabalho alheio.
No
entanto, você deve separar do bom crítico do mau crítico. Ou seja,
aquele que salienta tanto os pontos negativos como os positivos que
analisa com o intuito de guiar a pessoa e não apenas fazer pouco
dela, achando que com isso a tornaria uma pessoa melhor. O mau
crítico salienta apenas um lado da moeda mesmo dizendo algo de bom
para disfarçar, tipo “Você é bonita, mas é uma mula”.
Por
outro lado não podemos passar a mão na cabeça, quando a coisa está
visivelmente errada. Então desconfie dos críticos bajuladores
(geralmente sua mãe ou amigos) que dizem coisas do tipo “você é
bonita e perfeita”. Isso prejudica em muito sua evolução
artística.
Mas
qual critica você deve ouvir?
Acho
que educadores são aqueles que melhor se encaixam nesse quesito.
Aqueles que dizem o que está errado dão sugestão e lhe mostram o
caminho que deve ser seguido para melhorar, pessoas dizem coisas como
“você é bonita, mas precisa estudar um pouco mais”.
Para
lidar com o público com um senso critico bem apurado (ou do tamanho
do Godzilla) você deve ter um pouco de humildade e reconhecer suas
limitações. Nunca responda agressivamente quem é agressivo com
você, sei que ninguém tem sangue de barata, portanto se não tiver
nada melhor para dizer, o silêncio é a melhor resposta (isto também
vale quando falam de coisas que você gosta). Outra boa resposta que
você deve dar é no seu próprio trabalho, mostre que você sabe o
que esta fazendo.
E
não alimente os trolls.
Particularmente
quando avalio um trabalho alheio vejo os dois lados da moeda, só que
não me sinto muito confortável com isso exatamente por ser criador
de histórias. Creio que já fiz algum comentário jocoso deixando
escapar um pouco de arrogância de minha parte e sinto por isso.
Se
não gosto muito de uma coisa nunca falo dela e se uma coisa que
gosto tem alguma falha eu avalio e digo como eu faria. Não sou do
tipo que diz que “isto é uma merda”. Por este motivo criei a
coluna “Problemas da criação”.
Daí
vem a questão do texto: Como agradar?
Eu
digo que não há como agradar. Algumas pessoas podem até gostar de
inicio, mas basta você mudar o seu estilo ou atitude que de repente
boa parte delas deixa de gostar. É assim que funciona.
Então
o jeito é baixar a cabeça e ir trabalhando e evoluindo os
admiradores virão no meio de muitas opiniões e não se preocupe,
são apenas isso, opiniões.
Eu
ainda gosto de ver Ultraman e Spectreman, mesmo com suas limitações.
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