sexta-feira, 12 de fevereiro de 2010
Problemas da Criação #04
Watchmen deve continuar???
Bem, nesses dias encontrei um amigo e falamos de Watchmen. Ele havia alugado o filme e parte do motion comic da obra (Já que o álbum, hoje, custa os olhos da cara!). Daí, ele questionou o porquê o autor da obra, Alan Moore, não querer fazer uma continuação deste trabalho.
Pensei em dizer algo como: Não! É uma obra única! A história não pode ter uma continuidade porque é uma trama que se completa mesmo que aparenta ter ganchos e deixar espaço para especulações, pois é assim que o escritor quer!
Mas me peguei num impasse, eu tenho o habito de criar muitas histórias para meus personagens, ou seja, enquanto puder eu sempre farei histórias deles. Não me contentaria em fazer uma única edição do Dédis, por exemplo, se ainda tenho algo a falar sobre o personagem. Como poderia pensar diferente?
Coincidentemente, li uma matéria do Universo HQ sobre o interesse da editora DC Comics em continuar a obra do barbudo, sub sua supervisão ou por conta própria (O que é mais plausível considerando que o autor tem certa divergência com a editora.).
O medo dos fãs é que saia algo como Cavalheiro das Trevas 2 (em breve falarei sobre esta “caduquice”) uma continuação abaixo das expectativas, desprezando a essência da obra original e se apoiando nas vendas e reciclagem desnecessária da idéia.
Ok! E se os realizadores de Watchmen Alan Moore (roteiro) e Dave Gibbons (desenhos) resolvessem fazer esta continuidade (ou prequel) de sua obra? Sairia algo de bom ou ruim disto? Se sair bem, ia ser uma agradável revisita a velhos amigos que não víamos há anos, senão, seria um significativo de que Alan não tava muito afim e o fez para ganhar algum dinheiro para prosseguir com sua vida pacata na velha Inglaterra.
Em minha opinião atual, acho que gostaria de ler mais histórias sobre Rorschach antes da mini-série ou indo mais para frente como seria as aventuras do Coruja e da Espectral. Talvez ir muito além em viagens existenciais do Dr. Manhattan após os eventos da história, indo a lugares fora da imaginação mundana.
Não sou desfavorável a continuações desde que o autor tenha algo de novo para contar sobre suas criações. Acrescentar alguma coisa a história, tomar um novo rumo na vida dos personagens até o seu real final (ou seja, até a morte!).
Se a DC realmente quer fazer esta continuação sem os autores originais, terei pena dos artistas que serão contratados para este oficio, além da pressão de fazerem jus a obra que para muitos é considerado um dos maiores clássicos dos quadrinhos, tem que enfrentar a translocada e esquizofrênica comoção negativa dos fãs. Boa sorte a eles...
Quando pensamos numa história, criamos um inicio, meio e fim. Mas isto é relacionado á história e não aos personagens que em casos específicos tem seus finais em aberto ou um passado pouco explorado despertando a imaginação do leitor.
Imagine a série de TV Star Trek (Jornada das Estrelas) que acabou na terceira temporada deixando muitos fãs ansiosos por mais histórias a ponto de alguns criarem suas próprias temporadas em fanfictions em seguida vieram os filmes para o cinema e uma nova geração.
Quem não conhece o universo expandido de Star Wars, que se passam antes das triologias e depois do Retorno de Jedi? Os seriados Buffy e Angel (criados por Joss Whedon) tiveram temporadas extras em quadrinhos.
Sem contar que obras clássicas como dos Três Mosqueteiros tiveram mais duas continuações feitas pelo próprio autor.
Concluo que muitas histórias são passiveis de ter um prosseguimento ou uma revisita mais profunda sobre um fato passado na trama, basta o autor ter novas idéias e não se deixar mover pelo ego, pressão dos fãs, pressão dos editores, ambições financeiras, etc... É questão apenas de contar uma nova história com um personagem que já trabalhou antes ou prosseguir com competência o trabalho alheio.
Como diz o Dr. Manhattan no final de Watchmen:
“Nada chega ao fim. Nada.”
terça-feira, 22 de dezembro de 2009
Problemas da Criação #02
Recentemente eu vi o longa animado “A Morte do Superman”, baseado nas histórias do homem de aço que foram publicados no início da década de 90. Embora a história seja uma das mais marcantes do personagem também é mais criticada, principalmente por seu roteiro.
Houve muito, mas muito alarde na época sobre essa história, não que eu já não tinha visto o herói morrer antes (Só no seriado Superamigos foram duas vezes), soou como algo tão oficial que esperaríamos algo épico. Demais mídias noticiaram o fato num tratamento muito incomum para uma HQ.
Mas qual o problema da “Morte do Superman”?
O problema esta no simples fato de ser vendido como “a Morte do Superman”. Para entender melhor isso vamos a trama:
Uma criatura aparece no meio dos EUA e começa uma trilha de destruição sem precedente, a Liga da Justiça (da época: Besouro Azul, Gladiador Dourado, Fogo, Gelo, Guy Gardner usando o anel amarelo do Sinestro, Máxima e o misterioso Bloodwild) é acionada para deter a criatura sem nenhum sucesso.
Então chega o Superman (o líder desta formação) que a duras penas percebe que o monstro é muito forte até para ele. No entanto ele é o único herói capaz de fazer frente a criatura. Culminando num devastador confronto.
Simplório, não é? Quer dizer, o monstro chamado de Doomsday (Apokalipse) foi criado especialmente para matar o herói sem qualquer propósito anterior ou posterior. Em outras palavras seria uma versão do Hulk no universo DC(acho que deveria ser assim).
Mas o que gostaríamos? Que o Superman fosse morto pelo Lex Luthor? Darkseid? Homem brinquedo? Não. Seria muito óbvio, não acham? Ou sim, seria o mais apropriado?
A trama rolou bem até certo momento, o embate se estendeu em inúmeras edições diferentes o que deixou num aspecto de confusão com o batalhão de personagens que entraram na briga.
Deveriam ter trabalhado no dilema do Super enfrentar uma criatura capaz de realmente matá-lo com as próprias mãos e na questão se deve ou não deixar de lado suas convicções e matar a criatura.
Sua morte seria um sacrifício pessoal a todos que protege preparando o terreno para a sua eventual ressurreição onde haveria uma reavaliação do conceito do herói (o máximo que aconteceu foi o cabelo comprido).
Algumas coisas eu gostei como a reação de Lex Luthor que ficou furioso por não ter sido responsável pela morte do herói.
Depois disso, o corpo do homem de aço desapareceu e surgiram quatro supostos Super-homens em seguida: O Aço (um "negão" que usa uma armadura com expressões faciais), O Erradicador (que outrora era um artefato Kriptoniano que tomou forma humana e responsável indireto pela volta do heroi), Superboy (o clone e na minha opinião o melhor personagem do grupo), o Super Ciborgue (um Super em versão Terminator que logo se revela um vilão).
É claro que a morte do homem de aço não seria permanente, isto seria óbvio notar. O que se deveria explorar seria um universo DC sem o seu principal herói as conseqüências. Até é subtendido isso, mas com pouco impacto.
Mas não reclamo muito da saga, pois existiram coisas mais bizarras como “A Morte de Clark Kent” e o “Superman de energia” (ele até se dividiu em dois!).
Também, só para citar exemplos mais bem sucedidos, temos a Morte do Capitão América. Bem sucedidos, pois inicialmente houve (ou não) um vazamento de informações sobre o acontecido o que acarretou num “marketing acidental” em cima da morte do herói que seria a grande surpresa da saga Guerra Civil que já citei na coluna anterior. Muito melhor administrado e coerente.
Ah! O Capitão vai retornar este ano! Fazer o que? No mundo dos heróis, os fãs/editores saudosistas não aceitam substitutos... Vide o Lanterna e o Arqueiro Verde e outros...
Não deixe que o Marketing conte a história por você.
quinta-feira, 26 de novembro de 2009
Problemas da criação - O começo
Por Rogério DeSouza
Dei uma de doido e criei uma coluna de opinião, pois vejo tanta gente dizendo cada barbaridade na internet que uma bobajada a mais não vai fazer a diferença! Ehehehehhehehheh!
Mas falando sério agora, neste momento estou intrigado com uma coisa que vem acontecendo nos últimos anos nos quadrinhos de heróis e por quê não, nas demais mídias em geral e seus seguimentos: A má administração das histórias. Seria apelação das grandes editoras ou estúdios? Falta de criatividade? Dificuldades no mercado em se aprimorar devido aos prazos? O público que faz as escolhas erradas? Ou excesso de exigência do mesmo? Falta ou desinteresse tanto do público quanto da mídia em se comunicarem abertamente sobre a qualidade do produto em questão? A vontade de escrever esta coluna me veio após comprar e ler críticas sobre a saga INVASÃO SECRETA, escrita por Brian Michael Bendis, sobre a definitiva invasão da raça transmorfa Skrull ao planeta Terra. A trama foi iniciada de forma discreta desde que o escritor assumiu a revista dos Novos Vingadores culminando nesta Invasão que segundo os especialistas se tornou uma história “decepcionante”.
Sem querer parecer um “emo” isto me deixou mais triste do que decepcionado, por assim dizer. Não porque eu paguei pela revista ou me senti ofendido pela conclusão pífia, mas é o meu lado como criador de histórias que me dói mais. Brian Michael Bendis é um dos meus roteiristas favoritos e escreveu muita coisa boa, no entanto, tanto Invasão Secreta quanto Dinastia M foram muito criticadas, a segunda citada até gostei, sabem? Sei lá, a saga tentou sanar um problema no universo Marvel que eram as histórias dos mutantes, melhorando a qualidade das mesmas segundo fontes diversas. Outra conseqüência interessante foi fazer o Wolverine se lembrar de todo seu passado (o que na minha opinião faz parte da evolução natural do personagem) e o retorno do Gavião Arqueiro, que realmente não devia ter morrido no “Vingadores – A Queda”. Depois veio a GUERRA CIVÍL uma reviravolta na vida de todos os heróis da editora, sem contar as sagas em paralelo como Aniquilação e Planeta Hulk amplamente elogiadas.
Estou enrolando, não é? Então vamos focar as coisas, não que eu seja um expert em fazer histórias e tal, mas faço isso mais como um exercício de como fazer ou como não fazer.
Eu diria que muitos fãs ficaram chocados com as atitudes de certos personagens no decorrer da saga, como o fato de criarem um Thor artificial ou o Capitão pedir o apoio de alguns criminosos. Essa tal incoerência na característica dos personagens não me desagradou como a outros e só tornou a história mais tensa.
O que explodiu meus miolos foi o Homem-Aranha que era pró-registro ter revelado publicamente sua identidade secreta e durante a saga se arrepender disso, o que deixou a Marvel em xeque com as histórias do herói. Foi uma grande coragem fazerem isso, mas e agora? Uma coisa que prego aos meus personagens é nunca deixá-los numa situação radical demais, a menos que possa fazer boas histórias em cima disso ou os fãs aceitarem de bom agrado. Como fazer histórias do Aranha sendo um eterno fugitivo, casado e com uma Tia idosa para cuidar? A despeito do que foram mostrados em outras mídias sobre o herói aracnídeo?
A solução não seria das melhores, óbvio! Seria impossível criarem algo plausível que não parecesse forçado e ganhamos a história “One More Day”! Um lamentável retrocesso, mas necessário.
Voltando á Guerra Civil, sua conclusão para mim, parece bem acertada. Um dos lados para e pensa no meio de uma luta épica: “POMBA! SOMOS HEROIS! O QUE DIABOS ESTAMOS FAZENDO?!”
Esta iluminação veio do próprio Capitão America que vendo a destruição que a “guerra” causou, se rendeu e foi preso para em seguida ser “morto” em sua revista mensal.
Já o Homem de Ferro se tornou “persona non grata” entre os heróis anti-registro inclusive o próprio Thor que voltou e não gostou nem um pouco em ser clonado numa das melhores histórias que já li.
Uma coisa que muitos reclamaram foi a morte de personagens sem importância como foi o caso do Golias, que seja mequetrefe, mas sua morte foi uma das coisas mais tristes e dramáticas que já li. Foi um foco de grande importância na psicologia dos personagens, como gosto de criar personagens também crio coadjuvantes que para o leitor pode ser alguém sem importância, mas dentro da trama com o personagem dentre os principais que o conhecem tem o seu valor.
Ah! Queriam que matassem quem? O Homem Aranha? É preciso entender que as vezes dependendo do personagem é preciso de um certo “planejamento” para se realizar alguma coisa do gênero sem falar que tramas estavam correndo em paralelo e outros autores precisavam de determinados personagens.
Mas o que levaram eles a criarem uma trama como esta? Por favor esqueçam o dinheiro por um minuto e reflitam. Estávamos em plena era Bush/pós 11 de setembro, as atitudes do presidente em relação com o resto do mundo inspirou muito artistas assim como provavelmente essa história. E como Mark Millar é conhecido por fazer histórias de cunho político/social a oportunidade caiu em suas mãos.
Criar a discussão sobre o registro de heróis já é um mérito, mesmo sendo uma coisa ficcional.
Concluindo, coloquei meu ponto de vista sobre determinada história assim como farei com outras com o passar do tempo. Espero que não tenha incomodado vocês com este texto longo, mas quis ser bem detalhista.
Ah! Invasão Secreta ainda não por completo mas assim que o fizer vou colocar minhas “analises” aqui.
Continuem lendo amigos! (seja gibis ou um livro...)