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domingo, 19 de agosto de 2012

Problemas da criação #20


 O fim

 Por Rogério DeSouza 


 Não! Não! O “Problemas da criação” não vai acabar! Esse título se refere a uma das partes derradeiras de uma história, o fim. Em parte disso se deve após ver o final de Batman – O cavaleiro das trevas ressurge que conclui a trilogia criada pelo diretor Christopher Nolan que iniciou com os ótimos Batman Begins e depois Cavaleiro das trevas.
 
 É interessante sentir o ar de despedida dessa série de filmes, embora sempre haja novas versões de Batman no cinema, é a saida do diretor e de todo o elenco desta franquia. O olhar de Batman próximo ao final do filme nos reflete isso, um adeus. Saindo um pouco de Batman, coincidência ou não, conclui a leitura de um mangá que estava lendo há algum tempo por sugestão de amigos, chamado “Change 1 2 3”, a trama era de ação, humor e (para minha surpresa) erotismo escrita por Iku Sakaguchi e bem desenhada por Shiuri Iwasawa que contava a história de uma colegial que em segredo tinha três personalidades guerreiras distintas, desencadeadas por rígidos treinamentos feitos pelos seus três pais adotivos mestres em artes marciais após a traumática morte de sua mãe. Depois de uma boa leitura dos primeiros capítulos, me vi em sintonia com a trama e seus personagens como outro protagonista da historia que é um fã de Kamen Rider (herói muito popular no Japão cuja algumas séries já passaram aqui no Brasil) que descobre o segredo da garota e seguindo os princípios de seu herói resolve ajudá-la a lidar com suas personalidades que começam a gostar do rapaz. A trama em si tem momentos divertidos, muita pancadaria e... Bem! Calcinhas e partes da anatomia superior das mulheres a amostra, afinal (sou um sem vergonha) trata-se de um quadrinho japonês adulto masculino.

 

 Mas tirando isso me envolvi a tal ponto na trama e na história de seus personagens que ao ler o final admito que me caiu um “cisco no olho”, não só pelo sacrifício que foi feito por alguns personagens, bem ao estilo “Inception” que é outro filme de Christopher Nolan, vejam só vocês... Como saber que seria tipo a última vez que veria aqueles personagens daquela forma. Isto também me remeteu ao final de Toy Story 3, quando Andy já crescido dá os seus brinquedos para outra criança ou quando Frodo entra na barca se despedindo de todos seus amigos em “O Senhor dos Anéis – O Retorno do Rei” e choca ver até o DeLorean ser destruído ao final do terceiro filme de “De volta para o futuro” como um amigo que se vai. Chegando até o final de Preacher, quadrinho que também acompanhava que finalmente saiu aqui no Brasil com um preço salgado.
 

















 Assim fica a lembrança do Batman do Nolan que se despede de nós com um leve sorriso e um sacrifício simbólico em plena luz do dia. Quando você chega à conclusão definitiva de uma história é como dizer um obrigado para o seu público. No teatro é assim, ao fechar as cortinas, o elenco se curva em agradecimento a todos aqueles que acompanharam o espetáculo do inicio ao fim.
     Na conclusão de sua história, emende todas as pontas soltas se possível. Digo isso, que você um dia pode querer fazer alguma coisa, como uma continuação dentro desse universo com outros personagens ou “spin off” como é chamado ou uma história anterior como é mais freqüente hoje em dia, é o que chamam de “prequel” (prequela). Se sua intenção é a não dar continuidade de sua obra, advirto sobre finais muito abertos que são fios condutores para um público mais especulativo que querem as coisas mais bem explicadas ou que ainda querem vivenciar ainda mais dentro deste universo. Muitos autores nunca planejam o final com antecedência deixando a história fluir por si só, no meu caso na maioria das vezes eu planejo o inicio, meio e o fim. Claro, posso alterá-lo se assim for necessário e ainda criando mais de um final o que seria interessante para usar um “final alternativo”.
      Em minha opinião, ter o começo, meio e fim planejados é o método mais seguro para construir uma história. Tenha cuidado com a incoerência, quem viu a série “Lost” sabe muito bem disso. O final tem que ser épico ou intimista, se você não sabe usar clichês evite-os, principalmente os tipos “novela” (casamento, igreja, bebês nascendo.). Tenha cuidado com o monstro da expectativa, muitos finais perdem sua força por isso. Reviravoltas podem ajudar bastante, mas não deixe isso jogado na trama, procure desenvolver e esconder a tal forma que o leitor/espectador se dê conta depois. Também use um “extra” ou epilogo que é praticamente um “bis” para o público ou um apêndice que explica o destino final dos personagens. Atualmente a única série que tenho idéias de conclusão é do meu fanfic Menores do Amanhã, mas vai demorar muito até chegar lá, ou não. Tenho um pensamento um tanto randômico com meus personagens e é difícil pensar numa história definitiva para eles no momento somente para histórias fechadas e não muito longas. A meu ver parte de se criar um fim para uma história longa é tocante, pois será a última vez que acompanharemos o dia a dia daqueles amigos e vamos deixá-los em paz e aproveitarem suas próprias vidas no limbo criativo.

 Pelo menos até o próximo “reboot”...