E umas dicas pretenciosas para publicar universos de super-heróis
Há
quase um mês, houve uma reunião surpresa entre os diretores do alto escalão da
editora Marvel e os principais lojistas de quadrinhos dos EUA (e um do Canadá)
para discutirem sobre como atrair mais leitores e as causas da quedas de vendas
dos gibis da editora (Que estão perdendo terreno para a concorrente DC comics).
Sabem, eu gosto desse tipo de situação.
Sentar e colocar as “cartas na mesa” diante de um problema, falarem abertamente
o que esta acontecendo de fato, segundo a opinião de quem esta debatendo.
Esta faltando muito disso hoje em dia.
No entanto a reunião era mais “corporativa”,
só que revelou os problemas das grandes editoras diante do êxodo de leitores
nos últimos anos e como a interferência corporativa em querer resgatá-los tem o
efeito contrário.
Mas por que este assunto me interessa?
Afinal eu sou um ARTISTA INDEPENDENTE,
autor de Debiloid’s cujo último trabalho até a presente data (23/04/17) é
Debiloid’s Terror e ainda este ano teremos um novo título...
Bem, jabás a parte, vou esclarecer o porquê
este assunto me interessa.
Primeiro, apesar de tudo, eu leio e curto
histórias destes personagens e sempre que possível acompanho o que acontece em
suas histórias embora em sua maioria não seja tão atrativa, tanto que só tenho
me atraído por encadernados com personagens e arcos de história específicos. E
qualquer fato sobre alguma mudança, editorial ou do universo dos personagens é
do meu interesse.
Segundo, apesar de fazer quadrinho de forma
independente a das grandes editoras, isso de certa forma nos atinge, pois as
pessoas estão lendo menos quadrinhos em geral e ponto. Disputamos com outras
mídias que além da TV e cinema, temos a INTERNET.
Sim, há maneiras de usar esta mídia a nosso
favor como o portal Social Comics, usar financiamento coletivo o Cartase,
Apóia-se e outros, ou criar um site ou blog próprio como este ao qual você esta
lendo. Se você tiver pelo menos umas quinhentas pessoas que lêem assiduamente o
que você produz já é um lucro.
Mas é difícil disputar o tempo de
entretenimento de uma pessoa com tanta cultura visual como o YouTube por
exemplo e olha que nem citei literatura e Games...
Voltando ao assunto Marvel, nesta reunião os
lojistas expuseram algumas causas das baixas vendas de quadrinhos.
Esses tópicos eu peguei de uma matéria do site Terra Zero, escrita por PEDRO KOBIELSKI ao qual originou este texto.
A descaracterização dos personagens e o
excesso de legado eu acho que esse não é o real problema, legado não é ruim, passar
o manto para outro herói mais jovem um dos melhores foi a da atual Miss Marvel,
outrora era a Carol Denvers e hoje é a jovem mulçumana Kamala Khan e a Carol
assumiu o manto do há muito falecido Capitão Marvel, se tornando a “Capitã” (em
inglês o nome não muda). Foi uma excelente jogada. E diversidade dos novos
heróis cria mais identificação entre os leitores de etnias e gêneros diversos.
Mas isso tem que ser bem feito,
principalmente com personagens icônicos como o Homem de Ferro, toda uma trama
deve ser construída e o substituto deve ser bem introduzido ao universo do
herói ao qual tenha a devida afinidade e identificação necessária. Não
simplesmente jogá-lo no lugar do outro.
Porém, uma coisa que me inquieta é a mudança
constante do personagem, vide o Capitão America que morreu, voltou, ficou
velho, voltou, virou vilão e por aí vai. É um habito um pouco irritante, não só
da Marvel, que eles não mantém o personagem num só estado por muito tempo o que
dificulta o retorno de antigos leitores e a manutenção deles.
Deixem o cara quieto, por favor!
Já o excesso de eventos e reboots, esse sim é
um problema. No início os grandes eventos eram para juntar heróis e arrumar a
cronologia. Era legal ver a interação entre os heróis contra um inimigo ou
problema comum, mas começou a perder o controle quando viram que isso aumentava
as vendas.
Então virou sagas em cima de sagas e edições
interligadas, os famosos “time ins” que interferiam nos títulos solos de alguns
personagens (boa parte não tinha nem envolvimento na trama principal) e isso
confundia mais o leitor e até obrigava a comprar outros títulos que não eram do
seu interesse. Fora que muitas dessas sagas não levavam em nada a continuidade
em geral ou alteravam demais o status de alguns desses personagens
Sem
falar que o movimento da “máquina editorial” dificulta o gerenciamento de
talentos e artistas acham cada vez mais vantajosos criar seus próprios projetos
autorais do que trabalhar para uma grande editora cuja intromissão corporativa
interfere na fluidez da trama e os prazos muito curtos desgastam os artistas.
Estratégias
editoriais de lançar encadernados com preços convidativos é uma faca de dois
gumes. Por um lado é uma maneira viável ao leitor ter a história completa em
mãos, mas isso “mata” o ganha pão de uma grande editora: Os gibis mensais. Mas
estes são os que mais sofrem com os fatores citados acima, culminando em queda
de vendas. Não acho que séries mensais limitadas (que vão a determinada
numeração) sejam ruins.
Se
me permitem dizer, sempre quis falar sobre como uma grande editora de universo
de heróis deve produzir seu material. Acho que devem abraçar novos meios de
publicação. As mensais em especial devem ser diminuídas, acho que elas
serviriam melhor para personagens em grupos onde pode se desdobrar a trama para
mais de um protagonista e trabalhar mais em arcos históricos, assim não cansa o
leitor e pode haver mudanças temporárias de equipes criativas.
Mini-séries
mensais, one-shots e graphic novels são outras formas que eu defendo.
E
acabem com os time ins.
Os
artistas têm que ser valorizados, pois são eles que constroem grande parte
deste universo imaginário acho que deve rever prazos razoáveis, ter maior
liberdade criativa (nem tanto, pois pode criar um excesso criativo descabido e já falei disso antes) e oferecer um selo ao qual o artista pode fazer suas
histórias autorais, tipo Vertigo ou antigo selo Epic da Marvel o que pode
atrair autores experientes e de prestígio. Embora em termos de vendas não seja
uma maravilha é um investimento válido para manter bons artistas nas editoras.
O
mais importante de tudo: FAZER BOAS HISTÓRIAS.
Mas
isso é muito relativo, pode ser bom para uns, ruim para outros e uma obra de
arte para alguns... Pessoas são complicadas.
Por
fim, essas editoras que se danem!
O
mais importante é meu material! Vou vender muito Debiloid’s e acho que deveria ter
uma periodicidade maior, quem sabe todo mês. Mas para isso preciso de mais
desenhistas e roteiristas e vender mais gibis para pagar eles. Quem sabe venda
direitos a estúdios de cinema e TV, poderia fazer mais gibis e sagas com os
meus personagens envolvendo todos os títulos e aí... Hã... Epa!
Essa recente do Capitão foi uma ousada cagada (desculpa a palavra) tão colossal e nuclear quanto o texto de um jornalista dizendo que tudo publicado de X-Men até a Era do Apocalipse não vale mais.
ResponderExcluirNas palavras de Daniel HDR: "A Marvel tem Auzheimer e a DC é saudosista.".